Conceição
Evaristo poderá ser a primeira negra a ocupar uma cadeira na ABL
O dia 30 de agosto de
2018 pode vir a ser a data de um marco. Amanhã, a Academia Brasileira de Letras
poderá eleger a primeira negra a ocupar uma cadeira, especificamente a cadeira
de número 7, que tem como patrono Castro Alves, conhecido como “Poeta dos
Escravos”. É a esse lugar que Conceição Evaristo concorre.
A escritora Conceição
Evaristo é uma das mais reconhecidas autoras negras do Brasil, tendo recebido,
em 2015, o Prêmio Jabuti de Literatura, pelo livro “Olhos D`Água”, na categoria
Contos e Crônicas.
A presença dela na ABL
representará um reconhecimento de nosso espaço também no meio literário, pois cada
vez mais mulheres negras estão marcando presença em espaços de destaque,
representação e liderança.
BIOGRAFIA
DA ESCRITORA:
Maria
da Conceição Evaristo de Brito nasceu em Belo Horizonte, em 1946. De origem
humilde, migrou para o Rio de Janeiro na década de 1970. Graduada em Letras
pela UFRJ, trabalhou como professora da rede pública de ensino da capital
fluminense. É Mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro, com a
dissertação Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade (1996), e
Doutora em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense, com a tese
Poemas malungos, cânticos irmãos (2011), na qual estuda as obras poéticas dos
afro-brasileiros Nei Lopes e Edimilson de Almeida Pereira em confronto com a do
angolano Agostinho Neto.
Participante
ativa dos movimentos de valorização da cultura negra em nosso país, estreou na
literatura em 1990, quando passou a publicar seus contos e poemas na série
Cadernos Negros. Escritora versátil, cultiva a poesia, a ficção e o ensaio.
Desde então, seus textos vêm angariando cada vez mais leitores. A escritora participa
de publicações na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Seus contos vêm sendo
estudados em universidades brasileiras e do exterior, tendo, inclusive, sido
objeto da tese de doutorado de Maria Aparecida Andrade Salgueiro, publicada em
livro em 2004, que faz um estudo comparativo da autora com a americana Alice
Walker. Em 2003, publicou o romance Ponciá Vicêncio, pela Editora Mazza, de
Belo Horizonte.
Com
uma narrativa não-linear marcada por seguidos cortes temporais, em que passado
e presente se imbricam, Ponciá Vicêncio teve boa acolhida de crítica e de
público. O livro foi incluído nas listas de diversos vestibulares de
universidades brasileiras e vem sendo objeto de artigos e dissertações
acadêmicas. Em 2006, Conceição Evaristo traz à luz seu segundo romance, Becos
da memória, em que trata, com o mesmo realismo poético presente no livro
anterior, do drama de uma comunidade favelada em processo de remoção. E, mais
uma vez, o protagonismo da ação cabe à figura feminina símbolo de resistência à
pobreza e à discriminação. Em 2007, sai nos Estados Unidos a tradução de Ponciá
Vicêncio para o inglês, pela Host Publications. Vários lançamentos são
realizados, seguidos de palestras da escritora em diversas universidades
norte-americanas. Já sua poesia, até então restrita a antologias e à série
Cadernos Negros, ganha maior visibilidade a partir da publicação, em 2008, do
volume Poemas de recordação e outros movimentos, em que mantém sua linha de
denúncia da condição social dos afrodescendentes, porém inscrita num tom de
sensibilidade e ternura próprios de seu lirismo, que revela um minucioso
trabalho com a linguagem poética.
Em
2011, Conceição Evaristo lançou o volume de contos Insubmissas lágrimas de
mulheres, em que, mais uma vez, trabalha o universo das relações de gênero num
contexto social marcado pelo racismo e pelo sexismo. Em 2013, a obra antes
citada Becos da memória ganha nova edição, pela Editora Mulheres, de
Florianópolis, e volta a ser inserida nos catálogos editoriais literários. No
ano seguinte, a escritora publica Olhos D’água, livro finalista do Prêmio
Jabuti na categoria “Contos e Crônicas”. Já em 2016, lança mais um volume de
ficção, Histórias de leves enganos e parecenças.
Nos
últimos anos, três de seus livros, que continuam recebendo novas edições no
Brasil, foram traduzidos para o Francês e publicados em Paris pela editora
Anacaona. Em 2017, o Itaú Cultural de São Paulo realizou a Ocupação Conceição
Evaristo contemplando aspectos da vida e da literatura da escritora. No
contexto da exposição, foram produzidas as Cartas Negras, retomando um projeto
de troca de correspondências entre escritoras negras iniciado nos anos noventa.
Em 2018, a escritora recebeu o Prêmio de Literatura do Governo de Minas Gerais
pelo conjunto de sua obra.
*fonte: www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/188-conceicao-evaristo*
OBRAS
Romance
Ponciá
Vicêncio (2003)
Becos
da Memória (2006)
Poema
Poemas
da recordação e outros movimentos (2017)
Contos
Insubmissas
lágrimas de mulheres (Editora Malê, 2016 )
Olhos
d`água (Editora Pallas, 2014) .
Histórias
de leves enganos e parecenças (Editora Malê, 2016)
Participações
em antologias
Cadernos
Negros (Quilombhoje, 1990)
Contos
Afros (Quilombhoje)
Contos
do mar sem fim (Editora Pallas)
Questão
de Pele (Língua Geral)
Schwarze
prosa (Alemanha, 1993)
Moving
beyond boundaries: international dimension of black women’s writing (1995)
Women
righting – Afro-brazilian Women’s Short Fiction (Inglaterra, 2005)
Finally
Us: contemporary black brazilian women writers (1995)
Callaloo,
vols. 18 e 30 (1995, 2008)
Fourteen
female voices from Brazil (EUA, 2002), Estados Unidos
Chimurenga
People (África do Sul, 2007)
Brasil-África
Je
suis Rio, éditions Anacaona, juin 2016.
Obras
publicadas no exterior
Ponciá
Vicencio. Trad. Paloma Martinez-Cruz, Austin: Host Publications, 2007. ISBN
0-978-0-924047-34-3
L'histoire
de Poncia, traduzido por Paula Anacaona, collection Terra, éditions Anacaona.
2015. ISBN 978-2-918799-75-7
Banzo,
mémoires de la favela, traduzido por Paula Anacaona, collection Terra, éditions
Anacaona. 2016. ISBN 978-2-918799-80-1
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