Olá meus encaracolados e encaracoladas!
Quem assistiu o programa ENCONTRO COM FÁTIMA BERNARDES hoje viu que um dos temas discutidos foi a constatação de que as mulheres negras ainda têm dificuldades em se declararem pretas nos censos realizados no nosso país.
A discussão foi baseada na última PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE, que aponta, entre outras coisas, que 2,5 milhões de mulheres pretas e pardas deveriam deixar de se declarar brancas.
De acordo com a pesquisa, as mulheres têm mais dificuldades em se declarar como pretas do que os homens.
Mas por que isso acontece? Alguém aqui tem alguma dúvida?
Bom, as respostas são claras. E falamos sobre elas constantemente aqui no blog, pois em algum momento de nossas vidas passamos por esse processo de embranquecimento, falta de referências, baixa autoestima e dificuldades no reconhecimento de nossa identidade.
Todos nós sabemos que nossa sociedade construiu padrões de beleza, com base em um embranquecimento da população negra. Todo e qualquer traço relacionado à negritude sempre foi considerado feio e isso afetou e ainda afeta a autoestima e a autoidentificação da mulher negra. Existe um discurso cultural dominante em que a mulher negra nunca se encaixou. O cabelo crespo foi e continua sendo motivo de preconceito, assim como os traços do negro e a cor de sua pele. Por esse motivo, a mulher negra cresce se sentindo feia e preterida, pois ela nunca foi e nunca teve referências positivas a respeito de suas características. E isso afeta o seu processo de autoidentificação.
Isso está mudando? Sim, está. Mas ainda falta muito. Hoje, vivemos um momento de redescoberta da autoestima e da valorização de nossas características, entretanto, esse processo é lento e está em franca mudança. Talvez por isso essa última PNAD tenha apontado um aumento no número de mulheres que se autodeclara preta, mas mesmo assim ainda é muito inferior ao número de homens que se autodeclaram pretos. Isso porque os homens sofrem menos com os estigmas de beleza causados pelo racismo. (Não estou dizendo que eles não sofrem, apenas que são menos afetados do que as mulheres).
Entenderam a importância de trazermos à tona esses assuntos? Isso precisa ser discutido e entendido pela sociedade urgentemente. Não é mi-mi-mi, como algumas pessoas sem informação, sem argumentos e ignorantes falam.
Temos que entender tudo isso e valorizar cada vez mais quem somos. Essas pesquisas apenas mostram e refletem a nossa sociedade, o quanto o racismo é estrutural e afeta a vida de milhões de brasileiras e brasileiros e é claro, nossa estrutura social.
A pesquisa na íntegra: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=149
Post em que falo da questão da autoidentificação como mulher negra: http://www.encaracolandoasideias.com.br/2016/06/colorismobranca-demais-para-ser-preta.html
Programa Encontro com Fátima Bernardes de hoje 10/03/17):
Nenhum comentário
Postar um comentário