Olá meus encaracolados e minhas encaracoladas. Esse é mais um
texto-reflexão sobre um assunto recorrente e que necessita ser analisado e
entendido por todos. Resumidamente vou colocar meu ponto de vista. Vamos lá...
Tenho certeza de que muitos de vocês já ouviram alguma
pessoa branca falar que já sofreu racismo, não é? Seja porque a chamaram de
branquela ou branca azeda e por aí vai. Bom, essa pessoa foi vítima sim de
preconceito, mas não de racismo. Sabe por que? Vamos voltar à origem da
palavra, analisar seu verdadeiro significado, e começar a entender:
Então, para começar, racismo é um sistema de opressão de uma
raça sobre a outra. Qual raça foi subjulgada, dominada e escravizada? Sim, foi
a raça negra.
Houve na história da escravidão algum navio “branqueiro”,
cheio de escravos brancos que foram retirados à força de seu país e enviados em
condições desumanas para países que se apropriaram de suas vidas e os
transformaram em escravos? Será que isso realmente aconteceu? É óbvio que não.
O povo negro sofreu e até hoje colhe as consequências dessa
subjulgação, dessa exclusão. Dificilmente um branco terá direitos negados, será
seguido por seguranças em lojas, perderá oportunidades de emprego por causa
de seu fenótipo e cabelos, será morto por policiais por causa de sua
aparência ‘suspeita’.
Xingar alguém de branco azedo, branquelo, palmito, e coisas horríveis do tipo, não carrega intrinsecamente um significado de subjulgação. Mas é claro, é tão tenebroso quanto. Não deve ser aceito. Deve ser repudiado. E ainda assim, não é racismo. Compreenderam?
Xingar alguém de branco azedo, branquelo, palmito, e coisas horríveis do tipo, não carrega intrinsecamente um significado de subjulgação. Mas é claro, é tão tenebroso quanto. Não deve ser aceito. Deve ser repudiado. E ainda assim, não é racismo. Compreenderam?
Qual é a cor da maioria das pessoas na televisão? Nas
campanhas publicitárias? Nas universidades? Nas diretorias das empresas? Há uma
hegemonia branca criada pelo racismo que confere privilégios sociais a um grupo
em detrimento de outro. Existe uma desigualdade social herdada pela raça negra
desde os tempos da escravidão, que quem é branco não faz ideia do que é. Nem
nunca saberá.
Entenderam porque não existe racismo reverso? Porque racismo
vai além de ofensas. É um sistema que nega direitos e influencia diretamente, segregando
os negros. Chamar uma pessoa branca de branca azeda, branquela, ou coisas do
tipo, é preconceito, e temos que combater isso de todo modo, mas não pode ser
chamado de racismo.
Temos ainda hoje, comprovadamente por diversas pesquisas,
uma defasagem salarial enorme entre brancos e negros, onde os brancos ocupam
cargos relativamente importantes e com salários bem mais altos. As melhores
escolas quem tem acesso é a maioria não negra, nas universidades tanto
professores quanto alunos em sua maioria são brancos. A representação do negro
na mídia é minoritária e isso ocorre como podemos ver praticamente em todas as
instancias. Porém, há locais que os negros ganham maior espaço: nos presídios
brasileiros 67% da população carcerária são afrodescentes e 77% dos mortos no
nosso país são jovens negros, entre 15 a 29 anos.
Concluindo...pensar que existe racismo reverso mostra falta
de conhecimento, falta de estudo e falta de empatia. É mais um modo de mascarar
esse sistema opressor estrutural em nossa sociedade e ajudar a perpetuar essa
desigualdade.
Fonte auxiliar: Geledés Instituto da Mulher Negra
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