Redescobrir a beleza dos fios crespos/cacheados
vai muito além da moda. O processo de transição capilar traz intrinsecamente
uma consciência social e um resgate de ancestralidade, de retomada e de redescoberta de si mesmo. Ele nos faz enxergar o racismo estrutural, que nos
fez crescer acreditando que “cabelo de preto não presta, é feio, é duro e
parece bombril”. Quando assumimos nosso cabelo, estamos construindo uma nova
estética, estamos adotando um posicionamento político de enfrentamento diário
do racismo.
É uma forma de resistência, que empodera, pois
você entende que não é só o cabelo em si. É o redescobrimento do seu corpo e da
sua identidade negra.
Modelo: Vanessa Mendonça (euzinhaaa..rs) Foto: Alyne Japponi Fotografia |
Empoderar-se é reconhecer-se enquanto sujeito
social, autor da sua própria história e capaz de lutar por direitos que não são
só seus, mas também de um grupo. Nesse sentido, estamos nos empoderando quando
percebemos a dimensão política que está representada em assumir o
black ou os cachos.
Quando identificamos as discriminações quanto ao nosso fenótipo e então, com esse discernimento, passamos a buscar mais conhecimento para entender alguns fenômenos sociais e assim lutarmos juntos pelo combate ao racismo e demais tipos de preconceito.
Quando identificamos as discriminações quanto ao nosso fenótipo e então, com esse discernimento, passamos a buscar mais conhecimento para entender alguns fenômenos sociais e assim lutarmos juntos pelo combate ao racismo e demais tipos de preconceito.
É por isso que a questão é mais do que apenas o cabelo. Porém, é através dele, que para grande parte das pessoas, inclusive para mim, essas constatações aconteceram. A partir do momento que eu me aceito como sou, que sei que não preciso alisar o meu cabelo para ser aceita por uma sociedade racista, eu me torno mais forte.
Mas não se sinta culpada(o), caso você alise o
seu cabelo. Você não é menos negra(o) por esse motivo. Isso não existe! É você
quem determina o que acha melhor. A questão importante a se entender aqui, é
que hoje temos a liberdade de sermos quem verdadeiramente somos. Estamos em um
processo de construção de autoestima e não precisamos ter vergonha de nossas
características e nossa identidade negra. Estamos desconstruindo preconceitos, indo
contra os padrões pré-estabelecidos. E isso AFROnta!
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